terça-feira, 3 de setembro de 2024

45 anos da regulamentação da profissão de biólogo

 

Ronilson José da Paz


Em 2024, a regulamentação da profissão de biólogo no Brasil completou 45 anos, representando um ponto significativo na valorização e no reconhecimento deste campo fundamental para a compreensão, conservação e preservação da vida em suas diversas formas. Desde a promulgação da Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979, que oficializou a profissão, os biólogos têm contribuído de maneira crucial em áreas como saúde, meio ambiente, biotecnologia, conservação da Natureza e educação, desempenhando papéis essenciais no desenvolvimento científico e tecnológico do país.

 

 

Entretanto, ao longo desses 45 anos, a profissão de biólogo enfrentou desafios importantes. Um dos principais é a ausência de uma atribuição exclusiva para o seu exercício. Ao contrário de outras carreiras que possuem atividades restritas a profissionais devidamente habilitados, a biologia carece dessa especificidade, permitindo que muitas de suas funções sejam exercidas por profissionais de áreas correlatas. Essa falta de exclusividade tem gerado debates contínuos sobre a necessidade de regulamentações mais precisas, que possam garantir uma maior proteção e valorização dos biólogos no mercado de trabalho.

Um avanço recente e de extrema relevância para a categoria foi a aprovação, pela Comissão de Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 5.755/2013, que prevê jornada de oito horas diárias (e 40 horas semanais) e piso salarial de R$ 4.685 para biólogos do setor privado, que deverá ser reajustado anualmente conforme a inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Essa é uma conquista que reflete anos de luta por melhores condições de trabalho e remuneração justa. A definição de um piso salarial é um marco importante para assegurar o reconhecimento financeiro dos biólogos, proporcionando maior estabilidade e segurança em suas carreiras.

Outro ponto importante a ser discutido, que trouxe ferrenhos debates no início da implantação dos conselhos regionais de biologia, é a distinção que deve ser feita entre biólogo e professor de biologia. Apesar de ambas profissões contribuírem para o avanço do conhecimento biológico, suas atuações e responsabilidades profissionais são distintas e complementares. O professor de biologia, que concluiu a habilitação licenciatura plena, atua principalmente na área da educação, transmitindo conhecimentos sobre biologia para estudantes do ensino básico, médio ou superior (nas disciplinas de práticas de ensino, fundamentos biológicos da educação, etc), e muitas vezes se envolve em atividades pedagógicas, elaboração de materiais didáticos e desenvolvimento de métodos de ensino. Já o biólogo, por sua vez, que concluiu a habilitação bacharelado, trabalha diretamente com a pesquisa, a conservação e a aplicação prática do conhecimento biológico em diversas áreas, como meio ambiente, saúde, biotecnologia e ecologia, bem como no ensino de disciplinas específicas que exigem conhecimentos aprofundados sobre o tema, carecendo de conclusão de curso de pós-graduação em nível de mestrado e/ou doutorado. Enquanto o professor de biologia dedica-se à formação de novos aprendizes, o biólogo está mais voltado para o desenvolvimento de soluções científicas e tecnológicas, bem como para a investigação dos fenômenos biológicos.

Entretanto, a Lei nº 6.684/1979 não faz essa distinção entre professor de biologia e biólogo, para ela, exercício da profissão de Biólogo é privativo dos portadores de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação, de bacharel ou licenciado em curso de História Natural, ou de Ciências Biológicas, em todos as suas especialidades ou de licenciado em Ciências, com habilitação em Biologia, expedido por instituição brasileira oficialmente reconhecida. Não obstante o professor de biologia é um biólogo, na fria letra da lei, na prática, a distinção reside na inscrição nos Conselhos Regionais de Biologia.

No entanto, apesar desses progressos, muitos biólogos ainda percebem que os conselhos profissionais, historicamente, têm se distanciado dos anseios da categoria. Essa desconexão entre os conselhos e as demandas dos biólogos tem sido motivo de insatisfação, levando a questionamentos sobre a representatividade e a efetividade dessas instituições em atender às reais necessidades da profissão. A falta de diálogo e a aparente inércia dos conselhos em relação às questões fundamentais para a categoria têm sido críticas recorrentes, evidenciando a necessidade de uma maior aproximação e de políticas mais alinhadas com os interesses dos biólogos.

Ao celebrarmos os 45 anos de regulamentação da profissão, é essencial reconhecer as conquistas alcançadas, mas também refletir sobre os desafios que persistem. A luta por uma maior valorização, por regulamentações mais específicas e pela efetiva representatividade dos conselhos continua sendo crucial para que os biólogos possam exercer suas funções com o reconhecimento e a dignidade que merecem.

 

 



segunda-feira, 27 de julho de 2020

Workshop e encontro de etnobiologia da UFPB atraem pesquisadores de 23 países

Eventos on-line ocorrerão simultaneamente, de 21 a 25 de setembro


O Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da UFPB, no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), no campus I, em João Pessoa, é um dos apoiadores das iniciativas. Foto: Angélica Gouveia

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizará, de 21 a 25 de setembro, o II Workshop de Etnobiologia e o I Encontro Internacional On-line de Etnobiologia. As atividades ocorrerão de modo  remoto, por meio de videoconferência, YouTube. Os interessados devem se inscrever através deste formulário on-line.

De acordo com Reinaldo Lucena, um dos organizadores dos eventos on-line, o objetivo das iniciativas é fortalecer a Etnobiologia e a Etnoecologia na UFPB e discutir a realidade das pesquisas com povos indígenas e populações tradicionais, com ênfase na relação entre a sociedade e a natureza.
“Os dois eventos ocorrerão simultaneamente. Pretendemos promover a possibilidade de internacionalização e parcerias de pesquisas entre grupos nacionais e internacionais”, conta o professor.

workshop e o encontro internacional têm como público-alvo discentes de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores de instituições públicas e privadas de ensino e/ou pesquisa nacionais e internacionais.

Até agora, pesquisadores de 23 países já confirmaram presença, entre eles Brasil, Inglaterra, México, Argentina, Chile, Bolívia, Uruguai, Colômbia, Peru, Equador, Geórgia e Brunei.

“Teremos participantes de todos os estados federativos do Brasil. As palestras serão em português, inglês e espanhol. Todas terão legendas em inglês e português”, adianta Reinaldo Lucena.

Os eventos on-line contam com a parceria da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, da Agência de Cooperação Internacional da UFPB, do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da federal paraibana e do Laboratory of Ecology and Evolution of Social-Ecological Systems da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Além de Reinaldo Lucena, fazem parte da organização das iniciativas Ezequiel Ferreira (UFPB), Isis Tamara (UFPB), Suellen da Silva (UFPB), Hercílio de Medeiros (Uniesp), Ulysses Paulino (UFPE), Camilla Marques (UNIESP) e  o Laboratório de Etnobiologia e Ciências Ambientais do Departamento de Sistemática e Ecologia do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da UFPB, no campus I, em João Pessoa.

A programação completa do II Workshop de Etnobiologia e do I Encontro Internacional On-line de Etnobiologia está disponível aqui. Outras informações devem ser consultadas pelo e-mail  rlucena@dse.ufpb.br.

* * *
 
Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB


quarta-feira, 24 de junho de 2020

Aquário Paraíba inicia campanha de doação e vende ingressos antecipados para continuar funcionando em meio a pandemia

Local realiza reabilitações de animais marinhos e desenvolve projetos de preservação ambiental

 Há quatro anos funcionando na Praia do Seixas, o Aquário Paraíba conta com mais de 80 espécies de animais da fauna marinha. O local é um atrativo turístico que recebe animais para reabilitação e realiza trabalhos de turismo e educação em escolas e universidades. Por conta do isolamento social, seguindo as recomendações dos órgãos públicos, as visitas foram interrompidas e o Aquário entrou em recesso - o que prejudicou as atividades rotineiras e o faturamento.




Segundo o proprietário Emmanuel Lopes, mesmo com portas fechadas, os custos são muito altos com a manutenção dos animais no local. “Além de promover visitas educativas, valorizando a importância dos organismos aquáticos, reabilitamos animais resgatados e doentes e realizamos projetos e pesquisas de preservação marinha”, relata Emmanuel. 




Como ajudar - Por conta deste cenário, o Aquário Paraíba iniciou a venda do “Ingresso Ajuda”, uma campanha de compra de passaportes antecipados que estão sendo vendidos pelo valor promocional de R$ 10 (dez reais). O local também está recebendo doações de qualquer valor.

Conta para doação
Banco Santander
Agência: 2301  -  Conta Corrente: 13000289-9
SEA SERVIN COMERCIO SERVIÇOS E PROJETOS LTDA
CNPJ: 15.667.265/0001-15

Para mais informações:
Telefone: (83) 98822-0766
Site: https://www.aquarioparaiba.com.br/ e Instagram: @aquarioparaiba


segunda-feira, 30 de março de 2020

Não tente argumentar com bolsominions, eles funcionam como os psicóticos


Em

Um dos conceitos mais caros à Psicopatologia quando se estuda as psicoses é o de delírio. Esse é o sintoma mais importante dessas enfermidades.

Popularmente quando dizemos que uma pessoa "está delirando" geralmente nos referimos àquelas pessoas que estão falando coisas sem sentido e/ou absurdas.

O delírio é um pouco isso mesmo, mas é mais que isso. O delírio define psicose porque é a interpretação que o psicótico faz sobre o seu entorno, mas essa interpretação não condiz em nada com a realidade do mundo onde ele vive. Ou seja, o delirante fala de fato coisas absurdas ou "loucas", acha que o mundo o persegue ou acha que uma pessoa específica é a causa de todos os problemas do mundo.

Quem já conviveu com psicótico sabe que não adianta argumentar contrariamente ao que ele está dizendo. Uma das características fundamentais do delírio é a sua irredutibilidade à argumentação lógica. O pensamento delirante é forte, é definitivo, é irremovível. E é assim porque o delirante construiu o seu mundo dentro dessa realidade paralela. Esse é o seu mundo, os outros é que estão interpretando tudo errado.

Assim, em Psiquiatria aprendemos que não adianta em nada tentar "tirar" do psicóticos aquelas "idéias malucas". Aquele é o mundo dele! Ele não pode abrir mão daquelas idéias sob pena de não saber mais explicar o seu mundo, nada mais fazer sentido na sua realidade.

Bem, talvez aqui vocês já estejam compreendendo onde quero chegar. O pensamento da extrema direita bolsonarista é em tudo semelhante ao pensamento delirante. Através do discurso do seu chefe foi se construindo uma realidade paralela em que o grande perseguidor é Lula e o PT. Essas idéias são de tal modo arraigadas e tão fortemente compartilhada que são - tal qual o delírio - irremovíveis. Não adianta argumentar, não adianta mostrar a falta de lógica do pensamento deles. Não há diálogo com delirantes.

Se o pensamento delirante de um indivíduo é forte, imagine se, hipoteticamente, ele encontra eco e aceitação em um grupo (só lembrando que isso nunca acontece com psicóticos, onde cada um tem seu mundo próprio)! O grupo passa a se retro-alimentar do delírio um do outro e se cria todo um sistema delirante.

É nisso que estamos vivendo. Para sua própria saúde mental, não tente argumentar com um bolsominion. Não vai adiantar de nada.

 

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Publicações científicas por países: contagem por autoria e por artigo

O Science and Engineering Indicators 2020, da National Science Foundation (NSF, EUA), mostra a contagem de artigos científicos1 por país de 2000 a 2018, feita de duas formas.
 
A Figura 1 inclui os 20 primeiros países (em 2018), quando se conta proporcionalmente o número de autores de cada país (contagem fracionária2). Segundo esse método, o Brasil passou de 17º em 2000 para 11º, em 2018, entre os países que mais publicam artigos internacionalmente, quando o número de artigos atribuídos ao Brasil foi de 60.147,96.


 

Na Figura 2, mostra-se a classificação quando os artigos são contabilizados integralmente para cada país representado pelos autores (contagem inteira3). Por esse método, o Brasil passou de 18º em 2000 para 14º em 2018, quando pesquisadores do país se incluíam entre os autores de 73.073 trabalhos.




Entre os 20 países líderes em 2018, o Brasil apresentou o 6º maior crescimento anual (8,98%) na contagem fracionária, e o 5º maior (9,07%), na inteira.


Notas (1) Base SCOPUS/Elsevier, artigos publicados em revistas e em “proceedings” de conferências com revisão por pares, em ciências e engenharias (https://ncses.nsf.gov/pubs/nsb20206/technical-appendix/). (2) A contagem fracionária contabiliza, para cada país representado entre os autores, a fração de participação dos autores do país entre todos os autores do artigo. Este método foi o utilizado pela NSF no corpo de sua publicação, pois elimina o efeito de artigos com muitos autores de muitos países. Segundo esse método, a soma dos artigos de cada país é o total de artigos publicados em cada ano. (3) A contagem inteira contabiliza um artigo para cada país representado entre os autores. Nesse caso, um artigo pode ser contado diversas vezes, uma vez para cada país representado entre os autores.

Fontes Publications output: U.S. trends and international comparisons (Tab. nsb20206-tabs05a-002.xlsx). Science and Engineering Indicators 2020, National Science Foundation, EUA. https://ncses.nsf.gov/pubs/nsb20206/publication-output-by-region-country-or-economy



Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.