28/12/2011 - 15h56
São Paulo - Sobe cada vez mais rápido o nível do mar no litoral
norte de São Paulo, aponta pesquisa coordenada pelo professor do
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade de São
Paulo (USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos de 1944 a
2007 pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, em Santos, Alfredini
constatou uma elevação do mar de 74 centímetros por século. Também foi
analisada a documentação de outras instituições em Ubatuba, São
Sebastião e Caraguatatuba.
Nas últimas décadas, no entanto, o avanço das águas marítimas foi
mais rápido. "Nos últimos 20 anos, analisando esses dados, a gente nota
que tem havido uma aceleração. Isso aparentemente está ligado ao fato
que as temperaturas têm aumentado mais nesse período", ressaltou o
professor. Com isso, a estimativa de Alfredini é que neste século o
nível do mar suba cerca de 1 metro.
Um aumento desse nível significa, segundo Alfredini, a perda de 100
metros de praia em áreas com declividades suaves. Essa aproximação das
águas pode colocar em risco construções à beira-mar. "A quebra da onda
vai ficar muito mais próxima das avenidas, onde existem ocupações
urbanas. Vai começar a solapar e erodir muros", disse. "Tubulações que
passem perto da praia, como emissários de esgoto, interceptores de águas
pluviais, podem vir a ser descalçados e eventualmente até romper",
completou.
Outro fator que ameaça as construções costeiras, verificado no
estudo, é o aumento da altura das ondas nas ressacas e tempestades
marítimas, além do aumento da frequência desses fenômenos. "Havendo um
recrudescimento das ondas, isso também vai provocar mais erosões [nas
praias]", alertou o pesquisador.
A elevação do nível do mar poderá ainda, segundo Alfredini, causar
problemas para o abastecimento de água em algumas cidades. Segundo ele,
esse processo tende a causar um aumento no volume de água que se
infiltra nos rios. "Portanto, as tomadas de água para abastecimento
público e industrial poderão começar a receber água com maior teor de
salinidade. E isso pode começar a complicar ou inviabilizar o tratamento
da água".
Para amenizar esses problemas, o pesquisador aponta a necessidade de
preparação das cidades afetadas, com a construção, por exemplo, de
obras de defesa costeira. "Tem que ter nesses governos municipais,
principalmente, que estão em áreas de extremo risco, consciência de que
isso é uma realidade".
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Edição: Aécio Amado
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