Capa do livro Last Chance to See, publicado pela Ballantine Books, de Nova York, em 1990. |
O livro Last Chance to See (Última Chance para Ver), ISBN 978-0-345-37198-0, ainda sem tradução na língua portuguesa, de autoria de Douglas Adams (o mesmo que escreveu "O Guia do Mochileiro das Galáxias", entre outros livros) e Mark Carwardine, biólogo e fotógrafo da vida selvagem, publicado originalmente em 1990, é um livro extremamente interessante.
Este livro conta o relato de um projeto que os dois autores fizeram, em que pretendiam viajar para observarem alguns dos animais mais ameaçados e raros do mundo antes de sua completa extinção.
Sobre as espécies
A primeira viagem foi realizada à Madagascar em 1985, e as outras foram feitas num período de 10 meses, entre 1988 e 1989. Douglas Adams e Mark Carwardine realizaram viagens para ver os seguintes animais:
O Aye-aye (Daubentonia madagascariensis), em Madagascar. É um lêmure, um primata nativo que vive nas florestas de Madagascar, sendo o único sobrevivente membro da gênero Daubentonia e família Daubentoniidae e é classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN ou International Union for Conservation of Nature, em inglês) como Quase Ameaçada.
Aye-aye (Daubentonia madagascariensis). Foto: Internet. |
O dragão-de-Komodo ou crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis), na Indonésia. É uma espécie de lagarto que vive nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia. Pertence à família de lagartos-monitores Varanidae, e é a maior espécie de lagarto conhecida, chegando a atingir entre 2 e 3 m de comprimento e cerca de 70 kg de peso. O seu tamanho invulgar é atribuído a gigantismo insular, uma vez que não há outros animais carnívoros para preencher o nicho ecológico nas ilhas onde ele vive, e também ao seu baixo metabolismo. Como resultado deste gigantismo, estes lagartos, juntamente com as bactérias simbiontes, dominam o ecossistema onde vivem. Apesar dos dragões-de-komodo comerem principalmente carniça, eles também caçam e fazem emboscadas a presas incluindo invertebrados, aves e mamíferos.
Os dragões-de-Komodo foram descobertos por cientistas ocidentais em 1910. O seu grande tamanho e reputação feroz fazem deles uma exibição popular em zoológicos. Na Natureza, a sua área de distribuição contraiu devida a atividades humanas e estão listadas como espécie vulnerável pela UICN. Estão protegidos pela lei da Indonésia, e um parque nacional, o Parque Nacional de Komodo, foi fundado para ajudar os esforços de proteção.
O gorila-das-montanhas (Gorilla beringei beringei), no Zaire. É uma das duas subespécies da espécie Gorilla beringei (gorila-do-oriente) encontrada em áreas montanhosas do extremo leste da República Democrática do Congo (antigamente Zaire) e regiões adjacentes de Ruanda e Uganda. É classificado como ameaçado de extinção pela IUCN.
Gorila-das-montanhas (Gorilla beringei beringei). Foto: Internet. |
O rinoceronte branco do norte, ou rinoceronte de lábios quadrados do norte (Ceratotherium simum cottoni), no Zaire. É uma das duas subespécies do rinoceronte branco (Ceratotherium simum), encontrada sobre as partes do noroeste da Uganda, sudeste do Chade, sul do Sudão, parte oriental da República Central Africana, e do nordeste da República Democrática do Congo. É classificado como criticamente ameaçado de extinção pela IUCN.
Rinoceronte branco do norte (Ceratotherium simum cottoni). Foto: Internet. |
O golfinho do Rio Yang-Tsé, também conhecido como Baiji, Golfinho-lacustre-chinês, Golfinho do Yang-Tsé, ou Golfinho Branco (Lipotes vexillifer), na China. É um mamífero de água doce, da ordem Cetacea, encontrado no Rio Yang-Tsé na China. É uma das quatro espécies de golfinhos de água doce restantes no mundo (tal como o Boto, na Amazônia), todas elas em sério risco de extinção. É classificado como criticamente ameaçado de extinção pela IUCN.
Golfinho do Rio Yang-Tsé (Lipotes vexillifer). Foto: Internet. |
O kakapo (Strigops habroptilus), na Nova Zelândia. É uma espécie de papagaio noturno, endêmico da Nova Zelândia, notável por ser a única espécie da ordem Psittaciformes incapaz de voar. O seu nome comum significa papagaio da noite, em maori. O kakapo é uma ave em perigo crítico de extinção, com uma população total de apenas 86 exemplares, todos eles monitorados por equipes científicas.
Kakapo (Strigops habroptilus). Foto: Internet. |
O morcego das Ilhas Rodrigues ou raposa voadora das Ilhas Rodrigues (Pteropus rodricensis), nas Ilhas Maurício. É uma espécie de grandes morcegos frugívoros da família Pteropodidae. É endêmica da Ilha Rodrigues, no Oceano Índico. Seu habitat natural é florestas tropicais úmidas de baixa altitude. É uma espécie sociável que vive em grandes grupos, que pode chegar a 350 gramas de peso e tem uma envergadura de 90 centímetros.
Esta espécie está ameaçada devido a perda de habitat por danos causados por tempestades e intervenção humana, bem como pela caça local para alimentação. Antigamente, os poleiros do dia ou "campos" desta raposa-voadora continham mais de 500 indivíduos. O número de espécimes em estado selvagem atualmente chega apenas a algumas centenas, por isto é classificada como criticamente em perigo pela IUCN.
Morcego das Ilhas Rodrigues (Pteropus rodricensis). Foto: Internet. |
Sobre o livro
Escrito de maneira bem divertida, como são característicos os escritos de Douglas Adams, este livro prende o leitor do começo ao fim, porque conta com riqueza de detalhes como foi possível o encontro de cada um desses animais, incluindo as aventuras de se chegar em cada um dos países visitados.
O animal mais difícil de ser encontrado foi o kakapo, que emitem um som que parece um trovão distante, ou uma batida de coração muito profunda. Os autores tiveram que passar algumas noites chuvosas numa floresta na Ilha Codfish (Nova Zelândia), juntamente com Arab, um rastreador de kakapo, e seu cão, treinado para não machucar essas aves. Depois de uma paciente procura, encontraram Ralph, um kakapo transferido para a ilha, há um ano, através de um programa de translocação. Toda informação sobre o kakapo foi obtida graças a uma anilha 8-44263, presa em sua perna.
Após 22 anos que Douglas Adams e Mark Carwardine visitaram esses animais na Natureza, o golfinho do Rio Yang-Tsé, ou baiji, é a espécie que já não existe mais. Esse animal foi declarado extinto na Natureza em 2006, e não poderá ser mais visto.
Portanto, devem ser tomadas medidas urgentes para proteger todos os habitats, de todos os biomas, considerando que a taxa de extinção dos organismos vivos tem aumentado nos últimos 50 anos. Para se ter uma ideia da gravidade deste problema, os cientistas calculam que durante o último século, entre 20.000 e 2.000.000 de espécies tenham se extinguido. O número total não pode ser determinado mais precisamente, dentro dos limites do conhecimento atual, porque muitas delas foram extintas sem mesmo serem reconhecidas pela Biologia.
Para conseguir um exemplar desse livro, já que ele não é vendido no Brasil (pelo menos não o encontrei), tive que recorrer a uma amiga que mora nos Estados Unidos, que conseguiu comprar numa cidade vizinha a dela e entregou a outra amiga, para me entregar. A jornada desse livro até chegar em minhas mãos só não foi maior do que a dos autores procurando esses animais.
Esta é a segunda vez que recorro aos meus amigos que moram no exterior para comprar livros que não encontro aqui no Brasil. O outro foi o livro "Um ensaio sobre o princípio da população na medida em que afeta o melhoramento futuro da sociedade, com notas sobre as especulações de Mr. Godwin, M. Condorcet e outros escritores", mais conhecido como "Um Ensaio sobre o Princípio de População", de Thomas Robert Malthus, mas esta é outra história.
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